Sobre liberdade, cicatrizes e talvez sapatos...
As
marcas existem visíveis ou não elas estão ali! Uma queimadura na pele, uma
lembrança, um nó na garganta, aquele aperto no peito... Marcas dadas e deixadas
como se desde sempre tivessem sido a única coisa que existia para oferecer. O
intuito era te invadir, te revirar e apenas sair sem ao menos bater a porta.
Não tem explicação, nem café da manhã, apenas uma porta aberta e uma pilha de
louça suja param se lavar, algumas roupas rasgadas e um único sapato que ainda
serve, porém acabado, sujo e sem conserto. No início tinha algum tipo de
esperança de que se o percurso realmente não fosse diferente, o final seria
mais "tranquilo", mas não, nunca é. Por quanto tempo foi possível se
manter estática, olhando aquela bagunça sem conseguir se mover, por quanto
tempo foi possível sentir todo aquele caos, passar por cima fingindo não ver e
apenas seguir como se nada tivesse acontecido, presa dentro de uma mesma
rotina. Por quanto tempo foi possível deixar de caminhar, traçar um novo
objetivo, percorrer um novo caminho por não ter um sapato que coubesse, já que
o único que cabia não era possível usar mais. Busca cansativa e frustrante é
aquela quando nem sabemos atrás do que realmente estamos. Perder-se também é
caminho e me manter perdida me fez entender as oportunidades que eu estava
tendo, podendo ver um mundo mais claro, mais bonito, poder respirar livre, não
pensar em nada, valorizar tudo aquilo que importa que te constrói. Mesmo que um
sapato lhe sirva, ele aperta as vezes, incomoda e cansa. Que tal ficar descalça
por um tempo, viver, seguir, fazer novos caminhos sentindo a vida com seus
próprios pés. Se deixe surpreender, você ainda pode se deparar com um Loubotin,
Chanel ou quem sabe um Jimmy Choo.
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