quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pés descalços que caminham mais.

Sobre liberdade, cicatrizes e talvez sapatos...


As marcas existem visíveis ou não elas estão ali! Uma queimadura na pele, uma lembrança, um nó na garganta, aquele aperto no peito... Marcas dadas e deixadas como se desde sempre tivessem sido a única coisa que existia para oferecer. O intuito era te invadir, te revirar e apenas sair sem ao menos bater a porta. Não tem explicação, nem café da manhã, apenas uma porta aberta e uma pilha de louça suja param se lavar, algumas roupas rasgadas e um único sapato que ainda serve, porém acabado, sujo e sem conserto. No início tinha algum tipo de esperança de que se o percurso realmente não fosse diferente, o final seria mais "tranquilo", mas não, nunca é. Por quanto tempo foi possível se manter estática, olhando aquela bagunça sem conseguir se mover, por quanto tempo foi possível sentir todo aquele caos, passar por cima fingindo não ver e apenas seguir como se nada tivesse acontecido, presa dentro de uma mesma rotina. Por quanto tempo foi possível deixar de caminhar, traçar um novo objetivo, percorrer um novo caminho por não ter um sapato que coubesse, já que o único que cabia não era possível usar mais. Busca cansativa e frustrante é aquela quando nem sabemos atrás do que realmente estamos. Perder-se também é caminho e me manter perdida me fez entender as oportunidades que eu estava tendo, podendo ver um mundo mais claro, mais bonito, poder respirar livre, não pensar em nada, valorizar tudo aquilo que importa que te constrói. Mesmo que um sapato lhe sirva, ele aperta as vezes, incomoda e cansa. Que tal ficar descalça por um tempo, viver, seguir, fazer novos caminhos sentindo a vida com seus próprios pés. Se deixe surpreender, você ainda pode se deparar com um Loubotin, Chanel ou quem sabe um Jimmy Choo.